Espiritualidade

Uma reflexão sobre ter uma vida mais leve, sem vitimismo, “soltando o passado”

 

Neste texto “Soltando o passado” o mestre Swami Dayananda  alerta-nos para o fato que teimamos em sofrer pelo o que aconteceu em nossas vidas. O passado tem que ficar guardado apenas no baú de nossas lembranças, mas sem contornos de emoções negativas. Cada amanhecer é um novo dia, uma oportunidade de fazer diferente e melhor. Boa leitura e reflexão.

Ninguém deseja ser vítima do seu próprio passado. Se eu seguro o passado, posso soltá-lo. Posso deixar que se vá. Posso simplesmente deixá-lo cair, como um objeto em minha mão. Entretanto, o problema é que o passado me segura.

Fico impotente . Quando o passado me segura, o passado e eu somo tão unidos, tão idênticos, que passo a ser o passado, ele mesmo. Ele parece me manter como refém.

Em minha ignorância e inocência, sujeito-me à dor, à culpa e, por conseguinte, ao sofrimento. Permaneço associado a essas memórias e aos sentimentos ligados à elas. Algumas dessas memórias podem não ser nítidas, mas formam o próprio eu. Encontro-me impotente para tirar da mente o passado.

Se alguém me segura, posso buscar ajuda de alguém mais para libertar-me. Aqui, aquele que aprisiona, o aprisionador, e o próprio aprisionado são idênticos. Tenho de recorrer a mim mesmo ou na divindade em que acredito. Nesse rogar, nessa súplica, há submissão. Há um reconhecimento de minha parte de que sou impotente. A entrega de minha impotência à divindade é a verdadeira prece.

Esse prece, implicando no reconhecimento de uma impotência é o que efetua a mudança que permite que o passado se vá. Na entrega está o reconhecimento. A integridade do reconhecimento ocorre na entrega e a entrega acontece quando eu rezo conscientemente.

A oração não é uma técnica. É uma ação, sem dúvida e nasce do reconhecimento da minha impotência. A impotência de não poder mudar o que já aconteceu.

Oração: “Divindade, ajuda-me a tirar da mente o passado. Não permitas que eu tente mudar o que eu não posso. Quando culpo alguém, não o tiro da minha mente. Quero mudar o que eu não posso mudar.

Na acusação, há a não-aceitação de um fato. Há uma tentativa de mudar o que eu não posso. Divindade, não permitas que eu acuse ninguém. O que aconteceu é um fato. Permanece um fato. Nada posso fazer a respeito.

Não tenho remorso, ressentimento ou raiva. Divindade, não permitas que eu tente mudar o que não posso mudar. Possa eu ter a determinação de manter a minha aspiração, realizar o meu propósito.

Possa eu ter o adequado empenho para mudar o que eu posso. Possa eu não confundir em relação ao que posso e não posso mudar. Eu imploro a Tua ajuda.”

Fonte: Livro “Orações e Meditações ao Amanhecer” – Swami Dayananda Saraswati, Editora Vidya Mandir, 2001

Revista Ecos da Paz

Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.

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