Sustentabilidade é uma palavra oriunda da ideia de Desenvolvimento Sustentável. É aquele desenvolvimento que se faz hoje visando garantir o amanhã. Este conceito implica na garantia de que os recursos naturais que estão sendo usados pela população hoje, deverão ser suficientes para serem usados pelas populações futuras, sem que haja prejuízo ambiental ou econômico. Assim, a sustentabilidade se embasa sobre três vertentes fundamentais: a sociedade, o meio ambiente e a economia.
Para alguns autores a sustentabilidade é uma utopia econômica, pois como continuar crescendo, se desenvolvendo de maneira infinita se os recursos naturais usados são finitos? Pensar em sustentabilidade é pensar na continuidade da vida humana, nas futuras gerações.
Nos século XX e XXI trazem a grande questão humana: queremos sobreviver como espécie por um tempo geológico bem razoável ou queremos apenas ganhar mais e ficar ricos por um tempo extremamente curto?
Saber administrar os recursos naturais
Entende-se por recursos naturais tudo aquilo dado pela natureza: a água, o ar, solo, minérios, plantas e animais e estes recursos podem ser renováveis ou não, como exemplo: as árvores são uma fonte renovável ao passo que uma jazida de minério não.
Ao contrário dos humanos, as outras espécies usam os recursos naturais apenas o necessário para a sua sobrevivência, não há desperdício.
Ao longo da sua evolução no planeta, e pelo seu crescimento populacional, o homem acabou adotando o discurso de “dono do planeta” e para abastecer seu modo de vida calcado no consumismo acaba extrapolando no uso dos recursos naturais. Esse consumo excessivo talvez seja um dos grandes males ambientais. Por exemplo, para extrair um minério qualquer muitas vezes é necessário que seja destruída toda área do entorno, a qual possui várias coisas que normalmente não precisariam ser destruídas e poderiam ser aproveitadas para outros fins. Entretanto, quem faz exploração mineral dificilmente atenta para esse fato, assim não se preocupa com o entorno e destrói tudo para conseguir o minério que objetiva.
O consumismo exacerbado que vivenciamos é fruto direto da propaganda e do marketing promocional, muitas vezes exagerados e indevidos, que acompanham a maior parte dos produtos. Se isso traz alguma vantagem e apresenta um lado bom para a economia, no que se refere ao comércio dos produtos, por outro lado, acaba sendo bastante ruim, pois reforça a degradação ambiental e intensifica o uso desnecessário de recursos naturais pelos seres humanos. Assim, ainda que muitos desinformados da realidade planetária não percebam, o consumismo acaba sendo um grande mal para a humanidade e uma praga terrível para o planeta, pois acaba por exaurir recursos planetários progressiva e inconsequentemente e precisa ser melhor esclarecido e energicamente combatido por toda a sociedade.
Obsolescência Programada, o que é isso?
Em 1928, uma revista do setor publicitário norte-americano chamada Printer´s Ink escreveu a seguinte frase num artigo: “Um bem de consumo que não estraga é uma tragédia para os negócios”. O pulo do gato era vender um produto com um defeito embutido para que o cliente abrisse a sua carteira mais vezes. Isto se tornou um mantra para a sociedade de consumo: comprar, usar, jogar fora e voltar a comprar. E quando se fala em jogar fora, o descarte é feito de maneira sempre inapropriada e quem sofre é a natureza e por conseguinte, nós.
Em julho de 2017 o Parlamento Europeu aprovou o “Relatório sobre Produtos com uma Vida Útil mais Longa: Vantagens para os Consumidores e Empresas” pedindo a adoção das medidas. Um dos resultados foi a ação de um coletivo de consumidores franceses que denunciou as empresas fabricantes de impressoras por práticas de obsolescência programada de forma deliberada.
Para aqueles que operam as engrenagens do mercado, o consumo, o “tempo de vida programado” é uma falácia, mas certos produtos revelam que podem durar infinitamente ou quase isso. Como exemplo: a lâmpada na central dos Bombeiros de Livermore, na Califórnia que brilha ininterruptamente desde 1901 com seus filamentos grossos e de intensidade menor. Foi um lâmpada projetada para perdurar, assim como as meias Du Pont que não rasgavam,
Estas fraudes dos fabricantes são difíceis de serem comprovadas e a cada vez mais as pesquisas feitas por eles são para descobrir novas maneiras do produto durar menos do que beneficiar o consumidor. Quem afirma isso é Benito Muros, um piloto espanhol que há anos denuncia a obsolescência programada. Muros lidera uma empresa que desenvolve lâmpadas, semáforos e projetos de iluminação pública para Prefeituras da Espanha, Há quem defenda esta prática afirmando que se for feita de maneira controlada, sem abusos, pode ser uma fonte de geração de emprego.
Países que são lixeira de outros
Cerca de 215.000 toneladas de aparelhos eletrônicos, procedentes sobretudo dos Estados Unidos e da Europa, desembarcam todo ano em Gana, segundo a Motherboard, uma plataforma multimídia de longa trajetória sobre trabalhos de pesquisa, acabam gerando 129.000 toneladas de resíduos em lugares como Agbogbloshie, um dos maiores lixões tecnológicos do mundo, situado em Accra, a capital do país. Segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) a indústria de tecnologia gera sozinha 41 milhões de toneladas de resíduo eletrônico, que não tem o descarte apropriado contaminando os aterros sanitários, o solo.
Um outro problema é a impossibilidade de consertar aparelhos. Peças que não existem mais, produtos que saíram de linha. Dados indicam que o consumidor estaria disposto a reparar os produtos, se pudesse: 77% dos europeus prefeririam o conserto a uma nova compra, segundo o Eurobarômetro de 2014. “A sociedade dos resíduos não pode seguir assim. Estamos perante um modelo econômico superado”, afirma Pascal Durand, deputado verde europeu que liderou a iniciativa apresentada pelo Parlamento Europeu no final de julho de 2017.
As novas classes médias de países como China e Índia engrossam as cifras do consumo de celulares e eletrodomésticos e isto demanda mais matéria-prima para a produção destes produtos. Uma matéria-prima que é finita.
Jogar fora aparelhos novos que poderiam ser consertados na Europa, enviando-os a lixões distantes em barcos que contaminam águas, para, ao mesmo tempo, comprar aparelhos fabricados em lugares distantes e que chegam em barcos que contaminam de novo.
Reciclagem
A ideia de economia circular entra nesta roda pra diminuir o impacto que a obsolescência programada e o consumo desenfreado causam. Ao fabricar um bem, devemos levar em conta o resíduo que ele vai gerar para que este seja reutilizável, se possível totalmente.O princípio é: produzir, comprar, usar e reutilizar.
Neste caso as leis deveriam incentivar a garantia dos produtos, incentivar a possibilidade de reparação dos produtos em qualquer loja, não só nos serviços autorizados; que as marcas projetem artefatos que permitam a extração de peças, reduzir impostos às marcas que adotem essas medidas e aos artesãos que a elas se dediquem; perseguir e multar a obsolescência programada intencional.
Enquanto uns apenas discutem, a Finlândia arregaça as mangas e já conta com um plano de mudança para a economia circular. Start-ups surgem no intuito de buscar soluções para os resíduos que são gerados e fundos são aplicados em pesquisa. A universidade de Aalto integra um projeto de colaboração transversal que recebeu cinco milhões de euros (18,5 milhões de reais).
A pesquisadora Mari Lundström, professora de hidrometalurgia e corrosão, lidera um programa que busca soluções para a reciclagem de metais. Ela explica que os celulares, os fios elétricos e os computadores que jogamos no lixo estão repletos de materiais úteis e valiosos. Alguns inclusive são difíceis de encontrar no subsolo europeu; e, no entanto, jogamos tudo isso fora. Desperdiçamos níquel, cobalto, lítio… Muitos deles são facilmente recuperáveis através de tratamentos químicos, por exemplo. Um único telefone contém até 40 elementos recicláveis, dos quais só reutilizamos 10, explica Lundström. Doze empresas finlandesas que usam metais já trabalham com o fruto das pesquisas científicas.
Mas a economia circular também tem seus críticos. Alguns consideram que se trata de uma mera prolongação da ideia de crescimento sustentável, que, apesar de bem intencionada, não levou a grandes realizações. O problema, explicam, é o crescimento. É a lógica que nos empurra a seguir espremendo o planeta, cujos recursos são finitos. E romper com uma postura de inércia de décadas no enfrentamento deste problema não será fácil.
Fontes: El País e Revista da Unisinos.