Aqui no Brasil, esta doença afeta entre a 900 mil a 1 milhão de pessoas. Em grande parte dos casos, esta enfermidade silenciosa é grave, ainda sem cura e só é percebida em seu estágio avançado cujo resultado é a perda da visão.
O aumento da pressão intraocular é o principal fator de risco para sofrer de glaucoma. A pressão constantemente elevada no olho danifica, com o tempo, o nervo óptico, que é a estrutura formada por fibras da retina que seguem em direção ao cérebro.
Essas fibras nervosas são as responsáveis por levar a informação visual recebida pelo olho.
Existem três tipos de glaucoma: o primário de ângulo aberto que é o de maior incidência e tem evolução lenta e progressiva e é assintomático frequentemente.
Embora mais raro, o glaucoma de pressão normal também é assintomático e pode estar presente em pacientes portadores de doenças cardiovasculares.
Já o glaucoma de ângulo fechado pode causar dor ocular de forte intensidade e perda visual rapidamente, caso não seja realizado tratamento adequado em tempo hábil.
Por isto a necessidade de se consultar periodicamente no oftalmologista, pelo menos uma vez ao ano e manter hábitos alimentares saudáveis.
Desde 2019, o IBCCF, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) estuda um novo caminho para a cura do glaucoma.
A pesquisa já foi publicada na revista Development com o intuito de estudar os novos protocolos.
A pesquisa
De acordo com Mariana Silveira, professora do IBCCF e líder do grupo de pesquisa, o estudo focou nas células ganglionares, que formam o nervo óptico e permitem que a informação seja levada ao cérebro.
Atualmente, os tratamentos disponíveis podem controlar a progressão da doença, mas a recuperação da visão requer não só a prevenção da morte celular, mas também a regeneração das células.
O estudo do Instituto de Biofísica começou com ratos recém-nascidos estudando os mecanismos celulares e moleculares do desenvolvimento do sistema nervoso e compreendendo como um fator de transcrição, o Klf4, pode atuar na geração de células específicas da retina.
A equipe de Mariana identificou que com a superexpressão do fator de transcrição, as células progenitoras não criaram predominantemente células fotorreceptoras, mas sim ganglionares, que são geradas naturalmente apenas no período embrionário.
Ciência não é gasto, é investimento
Mesmo sendo um estudo de base, ele já provou que a geração das células pode ser reativada e a descoberta permite expandir os estudos para outras células como as gliais.
Estas células têm a habilidade de regenerar a retina que se perdeu em mamíferos, mas permanece em outros organismos como nos peixes.
Segundo Mariana, a pesquisa corre sérios riscos de parar graças aos empecilhos econômicos e políticos.
“As perspectivas atuais são pouco atraentes para que talentos queiram se manter ou retornar ao país. Tivemos talentosos estudantes que integraram a equipe e já procuraram melhores condições no exterior. Nossos programas de pós-graduação e grupos de pesquisa já estão sofrendo as consequências da queda brutal de investimento observada nos últimos anos”, avalia.
Apesar das dificuldades, o grupo busca diversificar as linhas de pesquisa e ampliar a interação com outros pesquisadores, inclusive internacionais, entretanto, sem a contrapartida do governo, tudo fica mais complicado.
Cegueira infantil
O glaucoma também afeta as crianças. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a doença é responsável por 20% dos casos de cegueira.
O diagnóstico do glaucoma infantil deve ser suspeitado pelo pediatra ainda na maternidade, logo após o bebê nascer, por meio do Teste do Olhinho.
O bebê, ao contrário dos adultos, apresenta muitos sintomas como lacrimejamento, aversão à luz, aumento do tamanho do globo ocular, além da perda do brilho natural dos olhos. Esses indícios surgem mais comumente em qualquer momento durante o primeiro ano de vida.
Atenção aos grupos de risco
Fonte: Conexão UFRJ , Plurale
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