Quando pesquisamos no Google sobre “Saúde e Espiritualidade”, podemos perceber num simples percorrer das páginas diversos congressos sobre o tema espalhados pelo país neste ano de 2019.
Não é de hoje que o assunto faz parte do universo científico. Mesmo o “pai da medicina”, Hipócrates (470 A.C – 377 a.C), trabalhava com a noção de que deuses e espíritos estariam envolvidos na causa e na cura de enfermidades. Se no passado acreditava-se que as doenças eram originadas da vontade dos deuses, demônios, magia e influência dos astros, com o passar do tempo a ciência vem desvendando suas origens e trazendo grandes avanços nos processos de cura.
Apesar das controvérsias em relação a fé e rituais religiosos como fatores que ajudam na cura, o efeito placebo e as terapias alternativas, que alguns médicos divergem de sua comprovação científica, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomenda que a espiritualidade seja abordada no atendimento aos pacientes.
Maturidade científica sobre o assunto
Atualmente o Brasil é o quinto maior produtor de pesquisa sobre saúde e espiritualidade no mundo. Ao longo dos anos, o país adquiriu maturidade científica com pesquisadores que se tornaram referência internacional na pesquisa deste tema. Além disso, o número de publicações não pára de crescer.
As evidências nas pesquisas recentes têm sugerido uma relação mais íntima entre a vida espiritual de pacientes, o avanço de seus prognósticos e seu bem-estar geral no processo de conviver e superar seus quadros de doença. Por trás dessas pesquisas, métodos derivados do mesmo racionalismo científico são aplicados para entender o que acontece no organismo das pessoas durante essa interação entre o metabolismo cerebral, as crenças em relação a uma doença e o avanço da doença em si.
A demanda veio dos pacientes
De acordo com Roberto Esporcatte, presidente do Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular, os pacientes, em especial os de doenças crônicas, gostariam que seus médicos perguntasse-lhes coisas mais pessoais, sobre o jeito de ser, contudo, eles não expressam este desejo.
Cerca de 80% da população mundial está ligada à algum tipo de religião e/ou acredita num poder superior. E no Brasil, mais de 80% da população se considera cristão.
Esporcatte afirma que a intenção não é doutrinar ninguém, apenas entender como os sentimentos como perdão, gratidão e até os conflitos espirituais afetam a saúde.
O texto sobre espiritualidade, que foi incluído nas Diretrizes de Prevenção da SBC, ajudará os profissionais da saúde identificar os pacientes que desejam e/ou precisam desta nova abordagem percebendo o melhor momento de trazer o assunto a tona. A SBC ainda sugere que os hospitais treinem seus profissionais e que priorizem os pacientes crônicos e com doenças graves, que os impede de frequentar suas práticas religiosas e de estarem com seus familiares.
Esta prática poderá fortalecer a relação médico-paciente, pois demonstrará que o profissional de saúde está interessado em ter uma visão global da vida do doente, afirma Esporcatte.
Fonte: Revista Veja
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