Henri Cartier-Bresson nasceu em Chanteloup, próximo a Paris, no ano de 1908. Cresceu numa família que lhe possibilitou o contato com a arte desde cedo. Ele se inspirou na obra de André Breton e no movimento surrealista. E nos anos de 1930 ele foi apresentado à fotografia, a qual classificava como a instantaneidade do desenho.
A partir daí a sua câmera fotográfica Leica se tornou a sua “amante”. Bresson costumava dizer que ela era o prolongamento do seu olho. Ele é considerado ao lado dos fotógrafos Lewis Hine e Robert Capa um dos maiores nomes do fotojornalismo no século XX e ainda inspira a nova geração.
Júlia Lee, fotojornalista de 23 anos, se identifica com as fotografias em preto e branco dele e admira a capacidade que ele tinha de transformar o banal em poesia. “Ele esteve onde poucas pessoas estiveram e retratou esses lugares com o olhar que tinha. Poucos fotojornalistas tiveram essa chance.”- declara Júlia.
Curioso insaciável
Bresson ingressou no fotojornalismo aos 38 anos e registrou fatos e personalidades que marcaram o século XX, como os filósofos Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Por mais que não gostasse do rótulo de jornalista ele testemunhou os principais acontecimentos que abalaram o mundo no último século, seja a libertação de Paris, ou, em 1949, os últimos dias do partido Kuomintang em Pequim.
Seu olhar apurado e poético o colocou na galeria dos maiores nomes das artes contemporâneas. Uma das principais características das fotografias clicadas por ele é que seu olhar não perturba a “ordem das coisas”, conforme ele mesmo conta em “O momento decisivo”, livro lançado em 1952. Costuma dizer que era “um gato que aparecia em cena sem perturbar”
Sua forma é clássica e suas fotos estão gravadas na memória histórica do fotojornalismo e são estudadas a fio nas universidades de fotografia e comunicação social.
Bresson contribuiu para dar nobreza à fotografia em um momento em que ela era pouco conhecida. Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, Bresson foi prisioneiro de guerra nos Vosges, prisão que ficava numa cadeia de montanhas na França. Conseguiu, contudo, escapar de lá tempos depois.
Todos acreditavam que ele tivesse morrido, mas ele reapareceu algum tempo depois, e suas fotos passaram a ser reverenciadas. Em seguida, entrou para o mundo dos grandes ao receber uma homenagem do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
Com o fim da guerra, Bresson trabalhou no cinema no documentário sobre o conflito mundial “Return to life”, de 1945, cujos gastos foram financiados pelo escritório de informação bélica dos Estados Unidos. Dois anos depois, Bresson, Capa e outros nomes de peso da fotografia fundaram a agência Magnum, sociedade cooperativa criada com objetivo de tornar o fotógrafo independente das exigências feitas pelas revistas na época.
As revistas Life e Vogue o contrataram para viajar pelo mundo registrando a vida e a cultura de outros países de uma forma única com o seu ponto de vista. Foi o primeiro fotógrafo da Europa Ocidental a registrar a vida na União Soviética de maneira livre, além do funeral de Gandhi. Registros únicos da história do século XX tendo a sofisticação e a simplicidade como marca registrada de sua obra.
Fonte: Diário da Manhã