Reality shows não são mais os mesmos

Especialistas em comunicação afirmam que a Europa Ocidental e Estados Unidos já conheciam reality shows desde a segunda metade do século XX diferentemente dos brasileiros e do resto do mundo.

Em 1983, o escritor italiano Umberto Eco falou de um novo estágio nas relações entre o que se diz e os fatos, por isso acredita-se que o sucesso de audiência desses programas ocorre, por essa valorização da forma como se fala e não aos fatos em si, afirma Samuel Mateus, membro do Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens, da SOPCOM – Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação.

Foto : Caleb Oquendo via pexels.

Os estudiosos afirmam que esses programas de televisão não tem uma fórmula determinada, são formados de forma eclética e intertextual, misturando outros gêneros, exemplo: soupdoc que mistura elementos  do gênero documentário e da novela.

Muitos atributos são associados a um reality show, contudo, o autor do artigo “REALITY-SHOW – UMA ANÁLISE DE GÉNERO”,  Samuel Matheus, concentrou-se em três que definem um padrão entre tantos tipos que surgiram com o passar do tempo.

Aos atributos

O primeiro atributo citado como mobilizador e atrativo é a centralidade do quotidiano, o dia-a-dia das pessoas comuns sendo protagonizados ao invés das rotinas de figuras públicas que muitas das vezes não são simples, não nos referirmos a famosos como Keanu Reeves que pega metrô lotado, mas sim, a Jeff Bezos  quando vai ao espaço a bordo de uma espaçonave em formato peniano.

O reality dá ao expectador a sensação de vida real que os antigos programas não traziam, os desafios pessoais que cada um enfrenta e que muitas das vezes se repetem, geram empatia, identificação com o público, podem conter um roteiro, um planejamento dos acontecimentos, às vezes manipulações a fim de obter resultados, não muito diferente da vida real, não é mesmo?

Se ver na telinha

A televisão apresentava figuras públicas, profissionais reconhecidos internacionalmente ou nacionalmente, atletas, políticos famosos  em seus espaços e programas; ao apresentar pessoas comuns muita coisa mudou.

O expectador ao invés de assistir um ídolo, assistirá alguém parecido, isso resulta em uma conexão intensa com o programa, estar ali é possível. Samuel cita: “eis ali a complexidade do mundo mostrada através do olhar do indivíduo vulgar.”

Essa relação do expectador com o que acontece dentro e se reproduz fora do programa o autor chama de escopofilia.

Voto popular perde a sua força

O último atributo utilizado para determinar o que é um reality show foi o protagonismo de quem assiste, ali todos os participantes, por meio de confessionários, e atitudes dentro de confinamentos  comunicam-se diretamente com os expectadores como é o caso do ‘Big Brother ‘.

Em programas gravados é mais propenso os participantes seguirem roteiros pois o programa não é transmitido ao vivo apesar da vida real ser documentada e atenda ao propósito.

Algumas décadas atrás, o julgamento do público era determinante para o sucesso ou derrota de algum participante dentro do programa Big Brother Brasil.

Atualmente as redes sociais até podem contribuir para a conexão deles com os expectadores, mas são os anunciantes que medem o engajamento nas redes sociais para decidir em que participantes investir, sempre sob o risco de sofrer com eventuais represálias e cancelamentos.

Conclusão, no tempo dos contratos de publicidade milionários e da disputa por seguidores nas redes, o R$ 1,5 milhão do prêmio final é cada vez menos relevante.

Qual é o seu favorito?

E ai, já separou a pipoca? vai dar aquela “expiadinha”? “ver quem aguenta a pressão do Cheff no restaurante”? “Aquela reforma na lataria?” Ou você prefere um livro?

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Revista Ecos da Paz

Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.

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