Em foco

Professora autista inova com seu método de alfabetização. E saiba como os autistas entram no mercado de trabalho

Gisele Nascimento é uma professora autista da rede pública nas cidades de Itaboraí e Maricá, ambas no estado do Rio de Janeiro, e criou um método de alfabetização rápido e eficaz. Em seis meses a criança é alfabetizada.

Formada em Ciências Biológicas, ela tem pós-doutorado em Ciências e Biotecnologia pela UFF e dá aula na Universidade Federal do ABC nas Especializações como Professora Formadora- Orientadora de TCC. 

Ela revela que o seu diagnóstico foi tardio e que ao procurar trabalho como professora, omitia o seu autismo, mesmo sendo de grau leve, para evitar o preconceito.

Uma devoradora de livros

Sua família desconhecia o seu problema psiquiátrico, apenas admiravam o fato dela aos 4 anos de idade pedir para seu pai comprar-lhe livros.

Ele os comprava num sebo próximo do cais do porto de Niterói onde trabalhava.

De forma autodidata, aos 5 anos, Gisele começou a ler em inglês e aos 10 anos já dominava o inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, além do português.

Apesar de todas estas conquistas prodigiosas, Gisele sofreu bastante com a falta de interação com as pessoas, a falta de amigos e com o preconceito, a ponto de na infância ficar sem falar dos 7 aos 8 anos de idade.

Gisele usa o lúdico para resultados mais eficazes. Foto: Divulgação

O processo de alfabetização

O ponto de partida para seu trabalho foi sua turma na Escola Municipal Clara Pereira na cidade de Itaboraí, no Rio de Janeiro. Seus alunos tinham entre 9 a 27 anos com os mais diversos transtornos: autismo, Síndrome de Down, deficiência intelectual e superdotação.

Ela desenvolveu métodos bem específicos que são extremamente visuais. Os alunos precisam de tempo para ver a imagem e associá-la à palavra, tanto escrita quanto ao fonema. Caso o autismo seja de grau leve, o processo de alfabetização é concluído em seis meses.

“É preciso brincar, lidar de forma lúdica. Além disso, as recompensas têm papel fundamental no reforço do aprendizado. Premiar pequenas vitórias com peças de brinquedos, fichas e doces as mantêm estimuladas e motivadas por mais tempo” – afirma.

Pelo reconhecimento do trabalho, ela foi convidada para participar do primeiro curso de formação de professores da Clínica-Escola do Autista, em Itaboraí, primeiro local público do país a oferecer atendimento multidisciplinar gratuito para autistas.

Para entrar em contato com a professora Gisele, aqui vai o seu email: gigigrodrigues82@gmail.com

As oportunidades de trabalho para os autistas

A história da professora Gisele mostra um lado pouco explorado e divulgado: a capacidade de trabalhar destas pessoas.

Apesar da falta de informação e preconceito, um autista pode ter uma carreira dentro de uma empresa graças às políticas de inclusão que estão surgindo no mundo corporativo.

A inclusão de um autista no mercado de trabalho é garantida pela mesma lei que determina a participação mínima para portadores de qualquer deficiência. Foi a Lei 12.764, de 2012 – também conhecida como Lei Berenice Piana – que abriu as portas para o reconhecimento do Autismo dentro do rol das demais deficiências. Desde então, o autismo tem sido muito mais discutido e diagnosticado no país.

Segundo o IBGE, 85% dos autistas estão fora do mercado de trabalho. Para diminuir estes números, uma iniciativa tem feito uma grande diferença: é a ONG Specialisterne.

De origem dinamarquesa, a instituição tem uma filial no Brasil há 3 anos. O trabalho consiste em preparar os autistas de grau leve identificando suas melhores habilidades para uma possível vaga.

 Apesar de não garantir a vaga de emprego, a ONG tem conseguido desmistificar o autismo no mercado de trabalho, porque já conseguiu empregar 93% dos seus alunos. 

Após a contratação, os profissionais da Specialisterne fazem um trabalho contínuo dentro das empresas monitorando o desempenho do funcionário. 

O setor que mais emprega autistas é o de tecnologia da informação porque os autistas possuem características lógicas, matemáticas e artísticas com grande desenvoltura, e é justamente de pessoas assim que esse mercado necessita. 

Fonte: O Globo, Autismo em dia 

 

Revista Ecos da Paz

Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.

Share
Published by
Revista Ecos da Paz

Recent Posts

Quem você chama de herói?

Ler não é simplesmente decodificar palavras, mas também interpretá-las. Aquele que consegue ler a sua…

3 anos ago

A viagem interior de Cecília Meireles em 7 poemas

Cecília Meireles nasceu no comecinho do século 20, em 7 de novembro de 1901. Apesar…

3 anos ago

“Uma trégua para a alegria” – uma boa reflexão de Lya Luft

Realmente não temos tido bons motivos para rir e listar esses motivos não é necessário,…

3 anos ago

Reality shows não são mais os mesmos

Especialistas em comunicação afirmam que a Europa Ocidental e Estados Unidos já conheciam reality shows…

3 anos ago

O Brasil também teve Holocausto

O dicionário Priberam online define a palavra Holocausto como: [ RELIGIÃO] Sacrifício em que a…

3 anos ago

Beldroega, uma PANC no combate à Diabetes

Portulaca oleracea, mais conhecida como Beldroega. Ninguém dá nada por ela, chamam de mato, erva…

3 anos ago