Reciclar plástico é um dos grandes desafios que as nações encontram em comparação à reciclagem de alumínio, principalmente nos países em desenvolvimento.
No Brasil, por exemplo, a reciclagem do alumínio chega a quase 100%, enquanto que o plástico apenas 20% .
De acordo com pesquisadores e oceanógrafos, se não houver ações que freiem o descarte inapropriado do plástico, muito em breve haverá mais deste material do que peixes nos oceanos.
O problema não é somente os plásticos, há também uma quantidade enorme de chinelos de dedo a ponto de equipes de ambientalistas no Quênia fazerem brinquedos e um barco!
Rumo ao plástico zero
Em 2017, a Tanzânia interrompeu a fabricação e distribuição de sacolas plásticas na primeira fase de implantação desta política de resíduos sólidos. A segunda fase engloba também os turistas, que ao chegar no país não encontrarão sacolas plásticas para carregar seus souvenirs e caso encontrem, terão que deixá-la no aeroporto.
Fabricantes, importadores, distribuidores e usuários encontrados com sacolas plásticas enfrentam multas de US$ 38 mil ou quatro anos de prisão.
Entretanto a fiscalização é um problema, porque é irregular, o que significa que as sacolas plásticas continuam circulando apesar das possíveis penalidades. Ainda assim, em um país que já usou cerca de 100 milhões de sacolas plásticas por ano, de acordo com estimativas da ONU, os esforços de redução são notáveis e parecem eficazes.
Em outros países como Camarões, Mauritânia, Nigéria, Eritreia, Botswana e Etiópia, existem campanhas semelhantes às da Costa do Marfim para reduzir o desperdício de plástico com ativistas organizando limpezas das praias para combater a poluição do oceano. No Egito, ambientalistas também estão tentando livrar o rio Nilo do plástico, segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).
A maré está mudando
Os quenianos têm realizado um trabalho incrível para eliminar a quantidade absurda de chinelos de dedo e garrafas pet encontrados no mar, nas estradas do país e nos parques.
Durante 3 anos, uma equipe de voluntários chefiada por Ben Morison, Ali Skanda e Dipesh Pabari recolheram cerca de 30 mil garrafas pet e chinelos e transformaram num barco.
A embarcação chama atenção por ser multicolorida, devido ao processo de prensagem do material recolhido.
O projeto foi batizado de FlipFlop (chinelo) e foi lançado ao mar. A equipe percorreu a costa leste africana recolhendo o lixo pelo caminho e nas paradas, a equipe do FlipFlop se inteirava da indústria turística do local e debatia com a comunidade, políticos e empresários sobre a ação do plástico no meio-ambiente.
“Simplesmente queremos mostrar que o plástico descartável não faz sentido, e esperamos que as pessoas ao redor do mundo sejam inspiradas a encontrar suas próprias maneiras de reutilizar objetos de plástico”- disse Dipesh Pabari
Para conhecer mais deste projeto (em inglês), clique aqui.
Chinelo velho ainda tem utilidade
Esculturas de elefantes, girafas e rinocerontes, algumas em tamanho natural, feitas com chinelos velhos podem ser encontradas na orla. Dá pra ter uma ideia da quantidade de chinelos de borracha retirada das praias quenianas.
De acordo com os cientistas, os materiais de borracha levam em torno de 100 a 600 anos para se decompor e tem sido um grande problema para a vida marinha.
Tudo começou quando Julie Church, nascida e criada no Quênia, sugeriu às mulheres que recolhessem os chinelos e peças de borracha encontradas na praia e os transformasse em produtos.
Assim nascia a empresa de cunho social Ocean Sole, que emprega 90 pessoas entre homens e mulheres, recicla cerca de 750 mil chinelos transformando-os em objetos de decoração, esculturas, artigos de moda, num processo totalmente artesanal.
Assista ao vídeo (em inglês) para conhecer a habilidade destes artistas.
Os produtos lúdicos são vendidos para zoológicos, aquários, lojas especializadas em 20 países do continente.
A Ocean Sole contribui entre 10 a 15% da limpeza das praias e tem programas de bem-estar social para os seus empregados.
Em 2018 a empresa participou de exposições no Canadá e Barcelona mostrando os benefícios da reciclagem e o cuidado com o planeta através da arte.
Fonte: A soma de todos os afetos, Revista Carpe Diem, Ocean Sole
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