Em foco

Os inconformados encontram no design ativista a sua linguagem

Uma foto, uma charge, um desenho tem uma força maior que as palavras. Desde as eleições de 2018, o design está conquistando cada vez mais o terreno do ativismo.

Naquele ano, mais de 4 mil designers formaram o grupo “Design Ativista” com encontros em São Paulo, que agora se expande pelo Brasil a fora.

Enfim, a arte do design não fica mais restrita aos folders e revistas e toma o rumo da intervenção urbana.

Produzida pelos insatisfeitos com o sistema da publicidade, esta arte abraça as mais variadas causas na busca de um mundo melhor. Uma das primeiras intervenções de grande impacto foi #ELENÃO, criada por Militão Queiroz.

O coletivo Design Ativista abriga também comunicadores e profissionais gráficos e tem cerca de 5 mil membros entre estudantes, profissionais e amantes do design.

Não pode agredir, precisa desenhar?

Ao concluir o curso de Design Gráfico na Universidade Federal do Paraná, Mariana Rodrigues Provenzi escolheu para o seu TCC um tema doloroso como objeto de estudo: a violência contra as mulheres.

O projeto fora batizado por uma amiga de “Maria Maldita”, numa alusão à frase “elas gostam de apanhar”. O trabalho teve como objetivo desconstruir o discurso enraizado, naturalizado que persiste em justificar a violência contra as mulheres. 

Mariana fez um trabalho de campo no Centro de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cram) de Curitiba, onde sua pesquisa começou a ganhar foco no empoderamento feminino.

De acordo com a psicóloga do CRAM, ver fotos de mulheres espancadas impressiona, mas não envolve, não gera o empoderamento feminino, que é o que motiva as vítimas a buscar uma mudança em suas vidas.

Design inconformista

O professor do Departamento de Design Gráfico da UFPR, Marco Becarri, coordena desde 2018 o Grupo de Estudos Discursivos em Arte e Design e foi o orientador da Mariana.

“O design gráfico sempre foi indissociável da crítica social e essa relação tem se mostrado cada vez mais potente, o que requer, no âmbito acadêmico, uma atenção aos discursos que o design faz circular, intencionalmente ou não”, explica o professor.

Foto: Acervo pessoal

O trabalho ”Maria Maldita” venceu o prêmio Bom Design 2019 na categoria prática e ganhou a mídia com a intervenção urbana que mostrava certidões de óbito das vítimas e cartazes com frases do tipo: “Você viu e não fez nada”

Um estudo inédito do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) feito em 2019 analisa o efeito da participação da mulher no mercado de trabalho sobre a violência doméstica.

De acordo com a pesquisa, o índice de violência contra mulheres que integram a população economicamente ativa (52,2%) é praticamente o dobro do registrado pelas que não compõem o mercado de trabalho (24,9%).

Para acessar o estudo do Ipea, clique aqui.

 

Revista Ecos da Paz

Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.

Share
Published by
Revista Ecos da Paz

Recent Posts

Quem você chama de herói?

Ler não é simplesmente decodificar palavras, mas também interpretá-las. Aquele que consegue ler a sua…

3 anos ago

A viagem interior de Cecília Meireles em 7 poemas

Cecília Meireles nasceu no comecinho do século 20, em 7 de novembro de 1901. Apesar…

3 anos ago

“Uma trégua para a alegria” – uma boa reflexão de Lya Luft

Realmente não temos tido bons motivos para rir e listar esses motivos não é necessário,…

3 anos ago

Reality shows não são mais os mesmos

Especialistas em comunicação afirmam que a Europa Ocidental e Estados Unidos já conheciam reality shows…

3 anos ago

O Brasil também teve Holocausto

O dicionário Priberam online define a palavra Holocausto como: [ RELIGIÃO] Sacrifício em que a…

3 anos ago

Beldroega, uma PANC no combate à Diabetes

Portulaca oleracea, mais conhecida como Beldroega. Ninguém dá nada por ela, chamam de mato, erva…

3 anos ago