O guarani, assim como o castelhano, é a língua oficial do Paraguai desde 1992, reconhecida pela constituição, além disso, o idioma é falado em algumas partes da Argentina, Bolívia e Brasil.
A secretária de Políticas Linguísticas, Ladislaa Alcaraz, classificou a obra como um acontecimento histórico, um marco no processo de normalização do uso do guarani nos setores da administração pública.
Ladislaa Alcaraz explicou que a “Lei de línguas” de 2010, que todos os documentos emitidos pela administração pública deverão ser traduzidas para o guarani, uma vez que seu alfabeto e sua gramática foram aprovados em 2015.
A gramática traz descrições sobre sintaxes e morfologia correta da língua guarani além de advertir sobre falsas comparações com o castelhano, que é para conservar a estrutura sintática da língua.
Estas falsas comparações devem ser evitadas porque o espanhol é uma língua composta de sufixos, prefixos, flexão de palavras, enquanto que o guarani é um idioma aglutinador.
Em novembro de 2015 a Academia aprovou o alfabeto guarani composto por 33 fonemas e outros tantos grafemas, que inclui 12 vogais, entre elas as vogais nasais próprias do idioma, assim como dígrafos característicos como mb, nd, ng o nt, e duplas consonantes como rr.
Estima-se que 90% da população paraguaia é bilíngue em castelhano e guarani e segundo o último censo de 1992, e cerca de 57% só se comunica neste idioma pré-colombiano.
No Paraguai, povos indígenas compõem menos de 5% da população. No entanto, o guarani é falado por cerca de 90% dos paraguaios, entre eles muitos integrantes da classe média, candidatos à presidência oriundos de camadas mais abastadas, e até pessoas recém-chegadas ao país.
“Mba’eichapa?”, perguntou Alex Jun, imigrante coreano de 27 anos que trabalha no restaurante de sua família no centro histórico de Assunção, recebendo os clientes com a expressão em guarani que significa “Como vai?”.
– Nós iríamos à falência se não soubéssemos o básico – ele explicou.
Os jesuítas criaram comunidades para os guaranis e outros grupos indígenas, que cobriam grandes extensões de terra, em um processo retratado no filme A Missão, de 1986. Eles armaram os índios guaranis contra expedições escravagistas, enquanto fortaleciam a língua em livros e sermões.
Quando a Espanha expulsou os jesuítas, em 1767, mais de 100 mil falantes da língua guarani se espalharam pelo Paraguai, segundo o linguista americano Shaw N. Gynan.
No entanto, nem todos estão tão otimistas a respeito do futuro da língua guarani. Ramon Silva, poeta e ensaísta que apresenta um programa diário de televisão em guarani, é um dos que que duvidam desse futuro.
Ele disse que sua maior preocupação é a criação de novas palavras em guarani para substituir as que foram emprestadas do espanhol.
Outras pessoas também compartilham da preocupação de Silva a respeito do futuro do guarani no longo prazo, apontando para fatores como o aumento da migração de camponeses de regiões rurais, onde o guarani costuma ser a língua dominante, para áreas urbanas, onde o espanhol tem mais espaço.
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