Cultura

“O Cortiço”, a obra emblemática de Aluísio Azevedo completa 130 anos

Aluísio Azevedo é considerado um dos grandes escritores do Naturalismo brasileiro, movimento literário que andou de mãos dadas com o Realismo, retratando as relações sociais e o meio em que viviam.

Ao contrário do Romantismo, que expunha o retrato de uma burguesia, a obra naturalista “O Cortiço”, apresenta personagens das classes mais baixas e tem como pano de fundo o movimento abolicionista, a República e o início da formação do proletariado carioca.

Quando Aluísio Azevedo escreveu “O Cortiço”, os autores de sua época recebiam fortes influência de escritores como o português Eça de Queiroz e os franceses Standhal e Émile Zola.

Uma das características do Naturalismo é a ideia de que o meio influencia o caráter do homem. “O Cortiço” é a obra que mais representa este movimento e lá se vão 130 anos da sua publicação.

Curiosidades da obra

Para escrever “O Cortiço”, Aluísio Azevedo fez trabalho de campo. Ele morou por um curto período num cortiço disfarçado como um dos moradores e vivia fazendo apontamentos.

Isto despertou a desconfiança dos demais, que achavam que ele fosse policial. Por conta disso, saiu do lugar para não ser vítima de um famoso capoeirista do lugar, contudo, levou  consigo material suficiente para fazer ricos personagens.

Azevedo desenhava muito bem e segundo sua biografia, ele queria ser pintor, mas fora desviado para o caminho da literatura.

A frustração foi transformada na força motriz para descrever as cenas que gostaria de ter pintado.

Ele também desenhava seus personagens, pintava, cortava e os colava em papelão. Os bonecos eram sua companhia durante seu processo criativo.

Anúncio do livro na Gazeta de Notícias com apelo bem popular. Foto: Biblioteca Nacional

Pode-se dizer que Aluísio Azevedo foi um visionário em termos de marketing editorial. Por incrível que pareça, ele foi um dos primeiros a viver de literatura.

Ele também sabia usar como ninguém a sua rede de contatos para criar estratégias de venda de suas obras.

Em 1887 ele foi para rua com alguns amigos distribuir panfletos sobre o seu livro “O Homem”. No dia do lançamento, ele conseguiu vender 300 exemplares.

O alcance da panfletagem, da publicidade, além da qualidade do texto, fez com que a Editora Garnier, a mais importante da época, publicasse “O Cortiço” em 13 de maio de 1890.

Era costume publicar trechos dos livros em jornais de todo o Brasil. De acordo com a imprensa do século XIX, a primeira edição com 1000 exemplares foi esgotada em poucos dias.

A obra já foi objeto de estudos diversos por detalhar como ricos e pobres constroem suas relações sociais no período pós escravidão, o trabalho do imigrante, as condições de habitação.

E por incrível que pareça, “O Cortiço”, guardada as devidas proporções, continua atualíssimo.

Fonte: Hiperliteratura, Letra Magna

Revista Ecos da Paz

Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.

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