Ecologia e sustentabilidade

Mexicanos criam couro orgânico a partir de cactos e no Brasil a exploração de um novo ciclo da borracha

Os mexicanos Adrián López e Marte Cázarez apresentaram uma invenção inovadora: a Lineapelle, que é feita a partir da mistura do cactos com o algodão.

Os rapazes levaram dois anos para desenvolver este couro vegetal, que é respirável e pode durar cerca de 10 anos.

Segundo Marte Cázarez, o cacto de pera espinhosa tem múltiplos benefícios dentro da indústria cosmética, que serviu de inspiração para a criação da Lineapelle.

“O cacto possui muitas propriedades cosméticas: para shampoo, creme, entre outras. Então, dissemos: ‘Se é bom para a pele, por que não criar pele?’ E foi assim que a ideia surgiu.”

O cacto de pera espinhosa (nopal) é um produto característico do México, é o símbolo do país. Seu cultivo é muito econômico e não requer muito cuidado. Ao contrário de muitas plantações, a do cactos requer pouca água.

O Lineapelle pode ser usado na indústria da moda, móveis, artigos de couro e até na indústria automotiva.

“Um vestido, uma bolsa, uma fita, uma pulseira de relógio, carteira, uma poltrona. Qualquer couro, seja animal ou sintético, pode ser substituído por couro orgânico. Essa é a ideia: apoiar o ecossistema.” – afirmam os criadores.

Um outro ponto importante do produto é que ele garantirá mais produção e renda para os agricultores de pereiras espinhosas. Este empreendimento ousado aposta no fim do monopólio das grandes empresas de couro animal.

Reinventando a seringueira

Donos de um seringal em Magda no interior de São Paulo, os paulistas Antonio Higino Ferreira e Tony Regis Ferreira, donos da empresa Ecológica, viajaram até o norte do Brasil e firmaram uma parceria com os seringueiros locais em troca do compromisso de trabalhar pela melhoria do comércio e da rentabilidade da extração do material.

Agregando tecnologia e viabilidade comercial, a empresa criou o laminado vegetal, que une a técnica artesanal transmitida de geração a geração entre os nativos seringueiros com a excelência genética atingida pelos seringais paulistas e a alta tecnologia industrial disponível.

A fabricação do laminado vegetal é um processo simples, tem baixo consumo de energia e a inspiração do produto veio da tradição artesanal desenvolvida pelos seringueiros do Acre e que já tem mais de 130 anos.

Método de extração alinhado com a sustentabilidade e a fixação dos povos extrativistas. Foto: Embrapa / Felipe Santos

Essa tradição é mantida até hoje em várias reservas florestais localizadas na região amazônica, entre elas a reserva de Maracatiara, no município de Machadinho do Oeste, centro-oeste de Rondônia, de onde vieram também os conceitos sócio-ambientais de todo o processo de produção.

É um revestimento de látex natural, isento de químicos tóxicos, que é aplicado sobre tecido de algodão ou poliéster reciclado. Além de bem acabado, o produto não gera resíduo e pode ser utilizado na indústria da moda em bolsas, sapatos, casacos, na indústria do esporte com bolas de futebol, voleibol, chuteiras, tênis, e na indústria moveleira como revestimentos de móveis, criando produtos ecologicamente corretos. A Ecológica, empresa paulista que adaptou o processo industrial, está intimamente ligada à Amazônia e aos seringueiros extrativistas.

A fase de implantação da indústria teve o envolvimento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo – IPT e do Sebrae,que trouxe apoio tecnológico para o desenvolvimento e aprimoramento do tecido em látex natural no processo industrial. É cada vez mais importante oferecer opções que atendam aos conceitos de modernidade e sustentabilidade.

O laminado vegetal é um exemplo disso: absolutamente natural, produzido a partir de matéria-prima vegetal renovável e isento de resíduos em todo o processo de produção, ele também possui uma interface social, já que a produção engloba a participação de comunidades extrativistas. É possível atender a mercados internacionais sem abrir mão do conceito ecológico. Inclusive essa preocupação com o meio-ambiente tem sido fator determinante nos mercados internacionais.

Fonte: UPSOCL. Tradução e adaptação REDAÇÃO Resiliência Humana, Stylo Urbano

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