Para aprender o conteúdo passado pelo professor em sala de aula, é preciso ter concentração, calma e motivação, coisas que passam despercebidas em se tratando de crianças e jovens que vivem em ambientes violentos e famílias desestruturadas, sem falar na falta de infraestrutura e professores mal remunerados e mal capacitados.
A fim de mudar este cenário, muitas escolas tanto da rede pública como as escolas particulares resolveram adotar a meditação e a yoga como ferramentas para diminuir e quem sabe erradicar a violência no ambiente escolar e ainda de quebra aumentar o rendimento da aprendizagem.
Apesar de todo o caos que é noticiado sobre a educação, em especial a pública, há razões de sobra para acreditar, pois a meditação transcendental faz parte do programa Mais Educação do Ministério da Educação desde 2013. Ele é desenvolvido em 60.000 escolas como atividade que estimula o funcionamento do cérebro, a inteligência e a criatividade, contribuindo para aprendizagem dos estudantes.
Mesmo com todos os estudos e comprovações científicas sobre os benefícios da meditação no ambiente escolar, ainda há pais que criticam a medida, acham que é perda de tempo, pois seus filhos deveriam estar aprendendo algum conteúdo. No dia a dia pouco importa saber raíz quadrada, fenóis e divisão das células mas os desafios envolvendo inteligência emocional, acontecem o tempo todo e por que isso não é ensinado às crianças? Perguntam os educadores adeptos da prática. Eles garantem que a yoga e a meditação são meios de se praticar o que tem nos faltado tanto enquanto sociedade, que ‘sabe muito conteúdo’, mas não sabe lidar consigo, com os outros e com o mundo.
Exercitar a paz interior começa desde pequeno
“Se todas as crianças de 8 anos aprenderem meditação, nós eliminaremos a violência do mundo dentro de uma geração”. A afirmação é do monge budista Dalai Lama
Centro de Educação Infantil Lar de Crianças Ananda Marga, uma escola administrada pela ONG Amurt-Amurtel, que fica na zona norte de São Paulo numa área cercada de favelas. A creche oferece aulas de Yoga e massagem.
A diretora Silvia Helena de Oliveira tem sob sua responsabilidade 111 crianças com média de idade entre 11 meses e 3 anos, que ficam na creche em período integral. Ela conta que casos de violência doméstica, pais que estão presos são situações corriqueiras e que a creche precisa ser um espaço de acolhimento para essas crianças.
Para ela, o objetivo é estimular a criatividade, a autoestima, o desenvolvimento do caráter dessas crianças. A filosofia neo-humanista adotada pela ONG busca a transformação do indivíduo em um ser mais saudável, solidário, ativo, compassivo e consciente do seu papel na sociedade.
Uma prática que se espalha pelo Brasil
Bruna Andrade é instrutora de práticas contemplativas e mindfulness e atua como voluntária na Escola Municipal Dom Pedro I, na Barra da Tijuca na cidade do Rio de Janeiro. Durante uma hora ela trabalha com adolescentes de 13 a 15 por uma hora numa meditação guiada acompanhada de uma música relaxante. Ela chama a atenção dos alunos para o ritmo da respiração e pede que eles tragam o pensamento para o presente e os induz a um relaxamento profundo.
“Quem medita deve observar a sua respiração, o seu corpo, os sons, o tato, as texturas e os pensamentos, que são como uma onda do mar, que vem e vão.”- afirma Bruna.
A prática tem surtido efeito na vida dos alunos. Eles comentam que estão se sentindo mais calmos, compreensivos com seus irmãos e a diretora Andréa Leal está satisfeita com a novidade, pois os alunos ficaram mais focados na escola e aumentaram o poder de observação. “A meditação é um aprendizado para a vida.”- afirma.
Em Porto Alegre (RS), o projeto SENTE, iniciativa do Infapa (Instituto da Família de Porto Alegre), leva o mindfulness como parte de um programa de educação socioemocional às crianças da rede pública desde 2007. O programa já atendeu cinco escolas, e realiza as intervenções em até quatro turmas por semestre.
Klaus Hensel, supervisor e professor no curso de mindfulness e educação socioemocional do SENTE, conta que houve uma sensível melhora nas relações interpessoais, o desenvolvimento do controle emocional, um aumento no bem estar e maior solidariedade entre os alunos.
O psiquiatra e psicoterapeuta José Ovídio Waldemar, criador do projeto, costuma dizer que trata-se de ensinar as crianças a terem calma: algo que, tradicionalmente, não é abordado no ambiente escolar.
No início de 2017, o Colégio Mary Ward de São Paulo (SP) começou oferecer o mindfulness dentro de um projeto de inteligência emocional. De acordo com Alexandra Grassini, professora responsável pelas crianças do período integral e criadora do projeto, conta que conduz tanto sessões de mindfulness mais longas, se estendendo até 40 minutos, quanto mais curtas, de 3 minutos. “Antes de ir à biblioteca, por exemplo, às vezes o grupo está muito agitado. Então, convido os alunos a fazer o mindfulness por alguns minutos, para acalmar”, diz.
Aos poucos, as crianças tomam mais consciência das próprias emoções e desenvolvem a concentração. Os resultados, porém, não são imediatos: é preciso ter paciência e respeitar o tempo dos alunos, que podem levar algum tempo para se adaptar. Alessandra alerta que tanto o mindfulness quanto outras técnicas meditativas não devem ser encaradas como a solução dos problemas da escola, mas sim como ferramentas auxiliares.
Por uma Cultura de Paz
Outro aspecto que as diversas técnicas de meditação têm é a difusão de uma cultura de paz, já que a prática está relacionada à calma e ao aprendizado de como lidar com as emoções. A cultura de paz faz parte, inclusive, dos temas incentivados pela Unesco.
Na Escola Estadual Joaquim Luiz de Brito, de São Paulo (SP), o professor de filosofia Fábio Lima criou, no ano passado, o projeto ‘Brito na Cultura da Paz’. O professor conduziu sessões de meditação para todos os alunos da escola. “Deixamos os pensamentos passarem, focando na respiração até eles se acalmarem. Podemos mesclar com algumas mentalizações ou visualizações. Isso por, no mínimo, cinco minutos”, explica.
O professor diz ter o cuidado de tornar a meditação laica e universal. Assim, os alunos podem focar a concentração ou na visualização de uma paisagem. Segundo ele, o importante é manter o foco, sem enfatizar a questão da crença. A laicização das práticas utilizadas é fundamental.
Lima também desenvolve o projeto ‘Brito Sem Homofobia’, oferecido aos alunos do período integral. Nos encontros que ocorrem uma vez por semana , os alunos participam de sessões de meditação com convidados de fora aprendendo diferentes técnicas, além de discutirem sobre questões como orientação sexual e homofobia.
Na escola de educação infantil Arte de Ser, também de São Paulo (SP), a cultura da paz faz parte da própria filosofia da instituição. E a meditação ocupa papel de destaque entre as práticas que permitem que essa filosofia se concretize, sendo realizada uma vez por dia.
De acordo com Maeve Vida, coordenadora pedagógica da escola, um dos resultados da meditação é a redução de problemas como a agressividade e a indisciplina. Além disso, a prática acaba por refletir no desempenho acadêmico, afinal a meditação desenvolve a concentração. E, para qualquer atividade cognitiva, a concentração é importante, afirma.
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