Na agitação do mundo moderno, a coisa mais difícil é ter tempo para se escutar. Parar, ficar em paz em sua própria companhia requer treino e disciplina.
De acordo com os praticantes de meditação, a filosofia budista diz: “Se todas as crianças a partir dos 8 anos aprenderem meditação, nós eliminaremos a violência no mundo dentro de uma geração.”
Apesar das dúvidas que tal afirmação suscita, aos olhos da ciência, os benefícios da meditação são indiscutíveis: redução do estresse, da ansiedade, aumento da concentração e equilíbrio emocional e mental.
Crianças e adolescentes fazem a revolução Zen
Em várias cidades brasileiras, a prática da meditação tem sido adotada nas escolas públicas e privadas, inclusive em creches, mudando o cenário da vida escolar tão marcada por atos constantes de indisciplina, bullying e violência. Vale ressaltar que esta mudança é uma conquista de médio a longo prazo.
Em Salvador no bairro de Itapoã, a instituição privada Ananda Escola e Centro de Estudos foi pioneira nesta iniciativa. Há 20 anos ela oferece a prática de meditação por 30 minutos todos os dias. E não é algo isolado, os alunos têm aulas de autoconhecimento e consciência. O objetivo da escola é o desenvolvimento integral do ser humano.
Durante estas duas décadas realizando esta prática, a direção destaca que os alunos, inclusive os pequenos, se tornaram mais atentos a si mesmos e em relação ao próximo e têm consciência do seu papel no mundo.
A escola promove todos os anos o Festival de Arte, Ciência e Espiritualidade e já recebeu a visita do escritor e filósofo francês Jean-Yves Leloup, que é um a referência mundial em Psicologia e Espiritualidade.
Will Stanton, autor do livro “Revolução na Educação”, destaca cinco pontos importantes que esta prática traz:
- Os alunos que meditam têm mais concentração.
- Melhoram o relacionamento interpessoal e praticam mais a bondade
- Tornam-se menos competitivos e mais colaborativos
- São menos estressados e adoecem menos.
- E o melhor de tudo: Tornam-se adultos mais realizados, uma vez que a prática da meditação na idade escolar ajuda a descobrir, desde cedo, suas verdadeiras paixões, interesses e potenciais criativos.
Apesar desta lista de benefícios, muitas escolas ainda não colocaram a meditação na grade curricular, pois isto acarretaria aumento da carga horária, contratação de professores para uma atividade extracurricular.
Desde 2013, a meditação transcendental faz parte do programa do Ministério da Educação chamado “Mais Educação”, que é desenvolvido em 60.000 escolas.
No site do Senado, no link ecidadania, este assunto foi proposto em 2018 como “Ideia Legislativa” e conseguiu mais de 20 mil apoios, contudo, a Comissão de Direitos Humanos decidiu não transformar a sugestão em projeto de lei.
Mesmo a ciência balizando os benefícios desta prática, os pais apresentam uma certa resistência, acham a meditação “uma perda de tempo”, seus filhos deveriam aprender as disciplinas tradicionais.
Por outro lado, os educadores adeptos da meditação dizem que no dia a dia pouco importa saber raíz quadrada, fenóis e divisão das células mas os desafios envolvendo inteligência emocional, acontecem o tempo todo e por que isso não é ensinado às crianças?
Eles garantem que a meditação é o meio de se praticar o que tem nos faltado tanto enquanto sociedade, que ‘sabe muito conteúdo’, mas não sabe lidar consigo, com os outros e com o mundo.