Eles têm uma grande importância na cultura africana. São os mensageiros oficiais, guardiões das tradições milenares, e na África antiga, os Griots eram responsáveis por firmar as transações comerciais entre os impérios e as comunidades.
Dá pra imaginar uma transação comercial negociada oralmente? O contrato tinha como base a palavra dada, palavra sacramentada.
Além disso, eles eram os responsáveis pela transmissão do conhecimento aos mais novos. Desde os tempos remotos, esta contação de histórias é acompanhada de instrumentos musicais.
Diferente da cultura ocidental, que prioriza a escrita como forma de transmitir os ensinamentos, as sociedades que valorizam a oralidade são categorizadas como pré-históricas pelas outras.
A escravidão classificou as sociedades calcadas na oralidade como sem memória, que deveriam ser lideradas pelos que detinham a “razão”, o conhecimento registrado. Afinal, povos sem escrita eram povos sem cultura.
Existe também um aspecto sagrado que passa despercebido. Para os Griots há de se ter muito cuidado antes de falar algo, pois as palavras carregam um poder de cura ou de destruição.
Do século XVI aos dias de hoje
A palavra griot tem origem durante o período colonial, quando os portugueses ocuparam a costa africana. Ela é a tradução para o francês da palavra criado.
Esta ocupação territorial era baseada na construção de fortes, que atuavam como entrepostos de pessoas escravizadas.
Apesar de toda desestruturação de diversos reinos africanos causada pela escravidão, os Griots têm até hoje o seu papel de guardiões das tradições garantido.
Eles estão presentes em muitos lugares da África Ocidental, incluindo Mali, Gâmbia, Guiné e Senegal, e entre os povos Fula, Hausá, Woolog, Dagomba e entre os árabes da Mauritânia.
Os Griots do Brasil
Em junho de 2003 na cidade de Campinas (SP), Cleonice Camarero fundou com um grupo de amigos a Associação Griots, que leva contação de histórias para crianças internadas em hospitais e também para asilos.
Cleonice ficou encantada ao descobrir o significado da palavra e a função que eles tinham em suas comunidades.
Ela destaca que a morte de um Griot é igual a queimar uma biblioteca, com eles são enterradas muita informação.
A missão de levar alegria, estimular a criatividade e a interação para ajudar no tratamento, é feita com cerca de 180 voluntários e a associação conta com o patrocínio da CPFL Energia e da Unimed Campinas.
Com seus jalecos amarelos enfeitados com inúmeros bichinhos de pelúcia, esta turma já atendeu 11 hospitais e 4 casas de idosos, de 7 cidades: Campinas, Hortolândia, Indaiatuba, Itapira, Itatiba, Mogi Guaçu e Sumaré.
Para se tornar um Griot, o voluntário passa por um treinamento com psicólogos, pedagogos, psiquiatras e o atendimento nos hospitais e asilo têm a supervisão de um padrinho, que é um Griot mais experiente.
Os textos são os mais variados, mas os clássicos como “Cinderela” costumam ser um dos campeões de audiência.
Durante a pandemia de Covid-19, os Griots não puderam continuar as visitas, então, decidiram gravar as histórias em vídeos para serem exibidos nos hospitais e asilos.
Segundo Marcos Beraldi, atual presidente da associação, a experiência de gravar foi tão boa, que ele pensa em dar continuidade na postagem dos vídeos no site para que outras pessoas tenham acesso à estas histórias.
A gravação de podcasts e dos vídeos é feita por cada voluntário e para dar um acabamento ao material, a associação tem uma parceria com uma agência de Campinas, que faz a edição final.
Quem quiser assistir às histórias, basta acessar o canal dos Griot no youtube.
Griots reversos
Desde 2012 a associação Griots tem o projeto “Ouvimos histórias de vida”, em que os voluntários mudam de papéis: ao invés de contar histórias, eles as escutam.
A ideia partiu da voluntária Larissa Coelho e este evento acontece duas vezes por ano, cujo objetivo é estimular a escuta e a empatia. Os voluntários recebem um treinamento com técnicas de escuta, abordagens e regras comportamentais.
Este treinamento prévio é para que os ouvintes deixem a pessoas melhores ao saírem da sessão de “escutatória”.
Depois, há um segundo encontro com uma psicóloga para o acolhimento dessas histórias, balanço das atividades para que os voluntários falem das suas experiências e aprendizados.
Alguns minutos de sabedoria
Em maio de 2016, a TV Brasil exibiu no programa “Arte do Artista” apresentado por Aderbal Freire-Filho, uma apresentação de Toumani Kouyaté.
Toumani é um artista completo que canta, dança, toca e conta histórias e como Griot mostrou um pouco desta arte, que através da música relata a saga de um viajante e seu cantil de água.
Nesta pequena narrativa, o espectador terá contato com um pouco do pensamento e ensinamento africano sobre o que é essencial na vida.
Confira a história no vídeo abaixo.:
Fonte: Associação Griot, Aventuras na História
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