Neste texto Mark Manson chama atenção para a falta de empenho que as pessoas têm diante das suas conquistas, de como os sonhos e objetivos são romantizados.
Caímos na armadilha de pensarmos apenas no resultado final e não levamos em conta os desafios e quando as dificuldades aparecem nós desistimos e nos frustramos. Boa leitura!
Escolha suas batalhas
Se eu lhe perguntar o que você quer da vida e você disser algo como “Quero ser feliz, ter uma família maravilhosa e um emprego de que eu goste”, essa é uma resposta tão comum e previsível que não significa nada.
Todo mundo gosta do que é bom. Todo mundo quer ter uma vida sem preocupações, feliz e fácil; se apaixonar, ter relacionamentos incríveis, parceiros sexuais fantásticos, ser lindo, ganhar dinheiro, ser popular, respeitado, admirado e tão foda que as multidões se abrirão como o Mar Vermelho quando você passar.
Todo mundo quer isso. É fácil querer isso.
Uma pergunta mais interessante, que a maioria das pessoas nunca considera, é: “Qual dor você quer na vida? Pelo que você está disposto a lutar?” Porque isso é muito mais determinante na definição do seu futuro.
Por exemplo, muita gente quer ter a melhor sala do escritório e ganhar rios de dinheiro — mas não é qualquer um que está disposto a trabalhar sessenta horas por semana, fazer longos trajetos indo e voltando do escritório, preencher uma montanha de papelada odiosa e vencer hierarquias corporativas arbitrárias só para escapar dos opressores cubículos infinitos.
Muitas pessoas querem o melhor sexo do mundo e um relacionamento incrível, mas nem todas estão dispostas a enfrentar as DRs, os silêncios constrangedores, a mágoa e o drama psicológico necessários para construir isso.
Então, se conformam. Elas se conformam e passam anos se perguntando “Poderia ser diferente?”, até que a pergunta passa a ser “Poderia ser com alguém diferente?”.
E, quando os papéis são assinados e o cheque da pensão está preenchido, pensam: “Por quê?” Se não foi porque você tinha padrões e expectativas baixos vinte anos atrás, então foi por quê?
Porque a felicidade exige esforço. Ela se origina dos problemas. A alegria não brota do chão como margaridas e arco-íris. Satisfação e propósito genuínos, sérios e duradouros devem ser conquistados pela escolha e pela maneira como conduzimos nossas batalhas.
Sofra você com ansiedade, solidão, TOC ou um chefe imbecil que estraga metade do seu dia, a solução é aceitar e mergulhar ativamente nessa experiência negativa — não evitá-la, não fugir dela.
Muita gente quer ter um corpo maravilhoso, mas ninguém consegue isso sem passar pela dor e pelo cansaço físico de gastar horas e horas dentro de uma academia ou calcular tudo que come, planejando sua vida em minúsculas porções.
Há quem queira abrir um negócio, mas ninguém se torna um empreendedor bem-sucedido se não encontrar um jeito de avaliar o risco, a incerteza, os muitos fracassos, a quantidade insana de horas dedicadas a algo que pode render absolutamente nada.
A maioria das pessoas quer encontrar um parceiro, mas ninguém conquista uma pessoa maravilhosa sem saber lidar com a turbulência emocional causada pelas rejeições exaustivas, com a tensão sexual reprimida e com a obsessão em olhar fixamente para um celular que nunca toca.
Tudo isso faz parte do jogo do amor. É impossível ganhar sem jogar.
O que determina o sucesso não é “De que prazer você quer desfrutar?”. A questão relevante é: “Qual dor você está disposto a suportar?” O caminho da felicidade é cheio de obstáculos e humilhações.
Você tem que escolher alguma coisa. Não dá para levar uma vida sem dor.
Nem tudo são rosas e unicórnios o tempo todo. A pergunta sobre o prazer costuma ser fácil, e quase todos nós temos uma resposta parecida.
Interessante mesmo é a pergunta sobre a dor. Qual dor você prefere tolerar?
Essa é a pergunta difícil porém relevante, a pergunta que vai levá-lo a algum lugar. É a pergunta que pode mudar perspectivas, vidas. É o que faz de mim quem eu sou, que faz de você quem você é. É o que nos define, nos distingue e, no final das contas, nos une.
Durante boa parte da adolescência e início da vida adulta, tive a fantasia de ser músico. Mais especificamente, um astro do rock. Sempre que ouvia um solo de guitarra sensacional, fechava os olhos e me imaginava no palco, tocando sob os gritos da multidão, enlouquecendo as pessoas com o esplendor do meu dedilhado.
Eu me perdia nessa fantasia por horas a fio. Para mim, a questão nunca foi se eu tocaria para multidões histéricas, e sim quando. Eu tinha tudo planejado. Só estava esperando até poder investir a energia e o esforço necessários para chegar lá e deixar minha marca.
Primeiro, tinha que terminar a escola. Depois, ganhar dinheiro para comprar a guitarra. Aí, precisava encontrar tempo para praticar. Depois, fazer contatos e começar meu primeiro projeto.
E depois… Depois, nada.
Apesar de eu ter passado metade da vida fantasiando, esse sonho nunca se tornou realidade. E foi preciso muito tempo e muita luta para que eu finalmente descobrisse por quê: eu não queria aquilo de verdade.
Minha paixão era pelo resultado — eu lá, no palco, colocando minha alma na música, as pessoas aplaudindo, eu arrasando —, mas não pelo processo. E, por causa disso, fracassei.
Várias vezes. Sinceramente, nem tentei o suficiente para fracassar. Eu mal tentei. O esforço diário de praticar, a logística de encontrar uma banda e ensaiar, a dificuldade de arranjar shows e fazer as pessoas aparecerem e se interessarem, as cordas arrebentadas, o amplificador estourado, os vinte quilos de equipamentos que eu precisaria levar de lá pra cá sem carro…
O sonho é imenso, e a escalada até o topo é interminável. O que levei muito tempo para descobrir é que eu não gostava muito de escalar. Só gostava de me imaginar no cume.
Segundo a narrativa cultural dominante, eu decepcionei a mim mesmo, sou um desistente, um perdedor, não tenho talento, abri mão do meu sonho e talvez tenha sucumbido à pressão social.
Mas a verdade é muito menos interessante que essas explicações. A verdade é que eu achei que queria uma coisa, mas não queria. Fim de papo.
Eu queria a recompensa e não as dificuldades. Queria o resultado e não o processo. Eu não era apaixonado pela luta, e sim pela vitória.
E a vida não funciona assim.
Você é definido pelas batalhas que está disposto a lutar. As pessoas que gostam da batalha da academia são aquelas que participam de triatlos, têm barriga de tanquinho e conseguem levantar um carro.
As pessoas que gostam das longas horas de trabalho e da política de ascensão na hierarquia corporativa são as que chegam rapidamente ao topo. As pessoas que gostam das tensões e incertezas do estilo de vida do artista faminto são, no final das contas, as que chegam aos palcos.
Isso não tem nada a ver com força de vontade ou coragem. Não é a repetição da ladainha “não há vitória sem dor”. É o componente mais simples e básico da vida: as batalhas determinam as conquistas.
Os problemas criam a felicidade, junto com problemas um pouco menores e mais atualizados.
Veja bem: trata-se de uma interminável espiral ascendente. Se você acha que em algum momento terá permissão para parar, infelizmente não entendeu nada.
Porque a alegria está na subida.
Mark Manson, crônica ‘Escolha suas batalhas’, do livro ‘A Sutil Arte de Ligar o Foda-se” (The Subtle Art of Not Giving a Fuck). Tradução Joana Faro – Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2017.
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