Para tirar a economia de um país em crise é necessário investir em educação. Não só a educação que formará a mão de obra especializada para o mercado de trabalho, mas também aquela educação que forma cidadãos.

Uma educação humanista. Pessoas que carregam na sua formação os princípios básicos de cidadania, solidariedade e uma cultura de paz.

Tanto no Brasil como no exterior, escolas públicas e privadas abraçam esta causa para que seus alunos, desde os primeiros anos possam colaborar na formação de sociedades mais justas.

Dando um giro pelo Brasil descobre-se várias escolas, principalmente as públicas, com projetos que nem sempre têm o destaque que merece.

Um dos grandes problemas é a evasão escolar, pois não basta matricular é preciso manter os alunos e esta é a parte mais difícil.

Razões econômicas da família, a falta de transporte e o clima de violência do lugar onde a escola se encontra colaboram bastante para que a educação do país esteja caminhando a passos bem lentos.

Aulas estimulantes que promovem a integração

A exceção das salas de aula dos lugares ermos deste país, foi-se o tempo em que uma escola era apenas quadro e professor.

Hoje em dia, se as salas de aula não tiverem o mínimo atrativo tecnológico que desperte o aluno para a importância dos estudos, o professor tem que inventar. E no quesito criatividade, podemos dizer que os professores brasileiros são nota 10.

Muitos dos projetos implementados por estes profissionais são baseados no resgate histórico da cidade, no sentimento de pertencimento com o local onde moram e com a sustentabilidade.

Em Minas Gerais na cidade de Santo Antônio do Monte, a Escola Estadual Padre Paulo, desenvolve “O Povo Conta”. Criado em 2013 tem como proposta a produção de histórias populares, os famosos “causos”.

Os alunos garimpam pela cidade, seja com familiares e amigos este material, que tem por finalidade discutir a diferença entre a língua falada e escrita e também aproximar os alunos da cultura local. Com tantas histórias descobertas, os alunos as reescreveram e publicaram um e-book.

Subindo a região serrana do estado do Rio de Janeiro, o colégio estadual Embaixador José Bonifácio, na cidade de Petrópolis, criou o “Fractal Multimídia”, que tem apresentado grau máximo de sinergia dentro da instituição.

Alunos e professores se revezam nas funções de designers, desenvolvedores e artistas gráficos para a produção de games, que serve de material pedagógico para a própria escola e para clientes externos. Além disso, estes jovens adquirem uma preparação melhor para o mercado de trabalho.

Se o assunto é meio-ambiente, três projetos têm se mostrado de extrema importância para conscientização de toda família. Nesta hora, os filhos ensinam seus pais.

A escola particular Centro de Educação Infantil Odorico na cidade de Joinville em Santa Catarina, os alunos da pré-escola levam a sério o Projeto “Baía da Babitonga: nosso berçário natural”.

Através de conversas, leituras, observações, construções tridimensionais e de vivências, as crianças foram entendendo mais sobre o mangue que é vizinho à escola.

Eles também assistem à vídeos, fazem pesquisas sobre a região, além das visitas de campo, os alunos montaram também uma maquete do manguezal. Por fim, com a colaboração da comunidade e a pedido da classe foi construído um “observatório” para que todos pudessem observar o manguezal do pátio da escola.

Em São Paulo, outra escola particular, o colégio Visconde de Porto Seguro, resolveu abraçar a crise hídrica pela qual passou a cidade de São Paulo. A escola planejou ações que mudassem os hábitos dos alunos.

Os alunos buscaram informações sobre o desperdício de água e assim nasceu o “Cada Gota Conta”. Eles criaram cartazes com estas informações e os espalharam pela comunidade, além de divulgar as estratégias tomadas pelo colégio para economizar água.

Na cidade do Rio de Janeiro, o projeto da prefeitura “Hortas Cariocas”, além de atuar nas favelas, ele está presente em várias escolas municipais.

As crianças aprendem desde cedo o valor de uma alimentação saudável. Elas plantam, cuidam da horta e colhem o que será usado na merenda.

A paz entrou na grade curricular

Nesta primeira década do século XXI, a permanência de uma cultura de paz nunca foi tão necessária para abrandar o clima de polarização em muitos países, e a arte tem sido uma grande ferramenta.

Em 2003, no condado de Arlington no estado da Virginia (EUA), começou o projeto “Chalk4peace” ( Giz pela paz) em que as crianças se reuniam na calçada munidas de giz coloridos e desenhavam no chão mesmo a visão que elas tinham sobre a paz.

Este projeto foi idealizado pelo artista plástico e educador John Aaron. Dois anos depois o “Chalk4peace” começou a se espalhar pelo mundo, e no Brasil, o colégio Pio XII no bairro do Morumbi na cidade de São Paulo, abraça esta causa desde 2018.

revistaecosdapaz.com - Escolas públicas e privadas abraçam projetos que promovem integração com a comunidade  e uma cultura de paz
Alunos do Colégio Pio XII celebrando o Chalk4peace. Foto: Divulgação

Antes de partirem para a ação propriamente dita, os alunos recebem uma contextualização através de conversas sobre o que é a paz, o cuidado com as palavras e atitudes em relação ao outro. Além disso, alunos e professores produzem o próprio giz com gesso e tinta.

De acordo com a coordenadora de Educação Infantil, Renata Weffort Almeida, o colégio, que é franciscano, desenvolve projetos cujo objetivo é propiciar experiências de convívio e partilha e a ação mundial do “Chalk4Peace” vem ao encontro da proposta pedagógica da escola.

Dentre os desenhos feitos, o Tau, que representa a cruz franciscana, é presença obrigatória, além do pássaro da paz.

O colégio também é parceiro da ONG Teto, presente em 19 países da América Latina, cujo objetivo é a construção de casas em comunidades periféricas a partir do trabalho de jovens voluntários.

Maria Aparecida Rocha, coordenadora da Pastoral do Colégio, diz o seguinte: “Está é uma ação solidária muito importante, tanto para os moradores da comunidade quanto para os nossos alunos, que são convidados a participar do projeto como voluntários”

O colégio participa há sete anos deste projeto e os alunos do ensino médio já construiram casas nos municípios de Ferraz de Vasconcelos, na Comunidade Dois Palitos, em Embu das Artes, e nas Comunidades Portelinha e Nova Conquista, em Guarulhos.

Seguindo nesta linha de respeito à diversidade e a paz entre os povos, na cidade de Garibaldi, no Rio Grande do Sul, a Escola Municipal de Educação Infantil Pingo de Gente, tem o projeto “Bonecas Abayomis: Respeitando a Diversidade” .

Idealizado pela professora Luciane da Silva Pinto, foi desenvolvido com a participação da comunidade escolar. Segundo ela, escola e família juntas fazem a diferença. E ele foi criado pela fato da cidade ter recebido famílias de imigrantes haitianos. Desta maneira, busca-se , já na educação infantil, proporcionar às crianças reflexão e atitudes positivas, desenvolvendo e valorizando a diversidade cultural.

Fonte: Revista Exame, Nova Escola






Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.