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Dinheiro liberta, porém, não traz felicidade.

Sonho de criança ou propósito de vida, ser uma pessoa muito rica é objetivo pra muita gente, há quem se contente com aquilo que tem e não tem uma forte ambição financeira, contudo, no quadro geral o que vemos são seres humanos gladiando-se atrás de sucesso profissional numa lógica competitiva perversa onde não existem funcionários que cooperam entre si para um objetivo central, temos competidores por cargos e privilégios. 

Dinheiro liberta, porém, não traz felicidade, essa afirmação nunca foi tão clara como hoje ela é pra mim. Charles Chaplin talvez tivesse uma percepção parecida com essa afirmação antiga porque um filme dele me chamou atenção, foi como mergulhar em um universo de emoções e sair rico sem qualquer tostão no bolso. 

No filme mudo “Carlitos no Teatro” de 1915, Chaplin trata dos diferentes comportamentos que dois espectadores, de classes sociais distintas, têm para assistir a um teatro de variedades. 

Mr. Pest é um aristocrata que logo na primeira cena tenta furar a fila da bilheteria do teatro. 

Uma vez fora da fila, fica esperando atrás de uma estátua que fora confundida por Mr. Pest como sendo uma pessoa. O último bilhete dava acesso à frente do palco e não satisfeito com sua vizinha de fileira, ele vai incomodando os espectadores ao redor até encontrar um espaço confortável nos camarotes exclusivos ao lado do palco.

 Mr.Rowdy, por outro lado, é  um espectador pobre, hipnotizado pelas apresentações em seu espaço limitado e quase cai da arquibancada a cada momento eufórico, quem o segura  várias vezes são os espectadores da primeira fileira da arquibancada. Diferentemente de seu antagonista, ele curte todas as apresentações. 

O filme tem uma mensagem sutil onde quem tem dinheiro consegue aproveitar melhor os espaços públicos livremente, sem restrições e mesmo com incômodos quem é rico consegue aquilo que deseja muitas das vezes.

 Chaplin conhecia a luta de classes, ele veio de baixo, dos bastidores do teatro inglês, porém, não perdeu a ternura ante todo horror da desigualdade; soube usar a doçura pra cativar e tirar sarro daqueles que fazem parte da elite do sistema. 

E pra relembrar as trapalhadas dos personagens de Charles Chaplin, assista aqui ao curta-metragem “Carlitos no Teatro”. O filme foi colorizado e teve também a inserção de frames através da inteligência artificial dando uma pequena mostra de como seria o cenário real .

Felipe Durán – graduando de Letras na UFGD (MS), poeta e colunista da Revista Ecos da Paz.

Revista Ecos da Paz

Viver em harmonia é possível quando abrimos o coração e a mente para empatia e o amor.

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