Desde 2012 cresce os adeptos do vegetarianismo. Atualmente são 30 milhões de brasileiros mostrando que o movimento não é “modinha” da estação e veio para fincar raízes.
Os principais motivos de se adotar este tipo de dieta são: o respeito e amor aos animais, por não concordarem com o modo de produção das grandes indústrias de alimentos e por quererem uma alimentação saudável.
Existe uma diferença entre vegetarianos e veganos. Os primeiros retiram do cardápio qualquer tipo de carne, mas consomem ovos, leite, mel e queijo, ao passo que os veganos não consomem nada de origem animal.
Opções não faltam
Numa sociedade amante do churrasquinho de final de semana, que tem como padrão de pensamento “prato com arroz, feijão e carne é sinônimo de sustância”, é comum a pergunta: “Mas o vegetariano come o que?” Eis a resposta!
Segundo Fernando Reis, CEO da Restaurant Week, evento gastronômico que reúne os mais diversos restaurantes, a curadoria pede que os participantes incluam sempre um menu vegetariano.
Até mesmo as redes fast-food aderiram ao movimento de olho nestes consumidores. Uma das histórias de sucesso neste segmento é o “Hareburger”, de propriedade de Raphael Krás.
Em 2006, o jovem carioca de 19 anos queria conhecer a Bahia. Pediu a avó R$50,00, comprou o que precisava e saiu pelas areias de Ipanema vendendo seu hambúrguer feito de soja, feijão, inhame, quinoa com batata-doce, beterraba e remix de grãos. O “hareburger” caiu no gosto dos frequentadores da praia e tem conquistado outras praças.
Os irmãos gêmeos Eduardo e Leonardo dos Santos criaram em 2017 o “Vegano Periférico” com uma proposta bem original.
“Em 2017, eu e o Leo já éramos veganos, aí foi muito espontâneo como surgiu a ideia do perfil: ele estava lendo um livro de sociologia e tinha uma escrita no livro ‘punk periférico’ aí eu olhei pra ele e falei ‘vegano periférico’, na hora ele concordou em fazer uma rede social, sem pretensão de ser uma grande página ou algo do tipo, queríamos apenas mostrar que é possível ser pobre, periférico e vegano”, revela Eduardo que via o veganismo com um discurso voltado apenas para a classe média e pra elite.
Ser vegano é também um estilo de vida
Alvos de críticas severas, os veganos assumem uma postura política diante de suas famílias e no seu círculo social, pois a luta é pelo fim da exploração animal por parte da indústria.
Eduardo conta que, no começo, quase desisitiu. “Quase deixei de ser vegano por me sentir excluído em um restaurante vegano. O preço era muito alto, os nomes eram estranhos e as pessoas de classe média propagando a causa com camisetas em inglês e isso me deixou muito desconfortável, muito. Foi quando escrevi meu primeiro texto sobre veganismo elitizado dentro do ônibus voltando pra casa.”
Os irmãos também criticam o oportunismo da indústria quando produz hambúrgueres veganos, porque ela está visando exclusivamente um nicho de mercado e não a libertação animal.
Este estilo de vida vai muito além da alimentação, ele abrange também roupas, produtos de higiene e beleza. Eles não consomem produtos de empresas que fizeram testes com animais ou que patrocinem eventos que explorem animais.
E por incrível que pareça, existem os veganos junkie, que se esbaldam nos hambúrgueres a base de soja fritos , pizza, donuts e sorvetes. Este segmento é um sucesso na Califórnia, nos EUA.
Para quem tiver curiosidade e aprender mais sobre o veganismo, o Facebook tem o grupo VegAjuda.
Os erros, mitos e verdades
Como tudo que é polêmico, o vegetarianismo também está cercado de dúvidas.
Um dos grandes erros dos novos vegetarianos é abandonar a carne e cair de boca no carboidrato consumindo muita massa com queijo e molho branco. De acordo com os nutricionistas, a proteína da carne é substituída por feijões.
É mito dizer que os vegetarianos têm deficiência de vitaminas e ingerem pouca proteína. Como qualquer dieta, a vegetariana também precisa de equilíbrio entre os grupos de alimentos, como proteína, carboidrato e gordura, além de boa ingestão de fibras. “A dieta não é o único fator que influencia em deficiências. Há também a influência do metabolismo e da microbiota intestinal na absorção de nutrientes, por exemplo”, explica a nutricionista Natalia Chede, vegana há 13 anos.”
A exceção é com relação à vitamina B12, sua principal fonte é de origem animal, mas há produtos fortificados com a vitamina para vegetarianos e é possível suplementar através de injeção ou cápsulas manipuladas.
É verdade que a vontade de comer carne não passa, afinal , na maioria dos casos os vegetarianos vieram de famílias onívoras, que comiam de tudo. Em termos de paladar, o alimento continua saboroso, mas controlam a vontade por uma questão de princípios.
É mito que a dieta vegetariana seja cara. A base da cozinha vegetariana é a mesma que a da alimentação onívora da sociedade em questão. De modo geral, no Brasil, isso significa arroz, feijão, mandioca, milho, legumes e frutas. É o cardápio do trabalhador.
É verdade que a vida social fica prejudicada na hora de sair para comer fora ou se for à casa de alguém que não sabe que você é vegetariano (a).
É um mito dizer que vegetarianismo é uma moda. Este tipo de dieta vem desde a Grécia antiga. Os filósofos da época adotavam a prática como forma de purificar o corpo. Na Índia, por razões religiosas, não se consome carne bovina há milênios.
Hoje em dia, a diminuição do consumo de carne ou não consumo é por uma questão de saúde, poder sentir-se mais leve, como também por uma questão moral, ética, de equilíbrio e respeito com a natureza.
Fontes: R7, Gazeta do Povo