Paliativo significa “aquilo que atenua, abranda”. Em termos médicos, os cuidados paliativos servem para aqueles pacientes cujo diagnóstico é de uma doença grave e incurável. É trazer conforto em todos os sentidos para aqueles que estão no final da vida.
De acordo com a médica Madalena Sampaio, do Hospital do Câncer de Londrina, dentre as doenças incuráveis, a senilidade também entra no rol dos cuidados paliativos.
Este hospital é pioneiro nesta área, pois em 2007 começou a oferecer um serviço próprio garantindo dignidade e conforto para os pacientes terminais.
Madalena é médica de família e trabalha nesta área há seis anos e destaca que não precisa estar internado num leito de hospital como os doentes em estado terminal para começar a receber cuidados paliativos.
Pacientes ainda ativos que são hipertensos, diabéticos, portadores de insuficiência cardíaca e/ou renal também recebem necessidades paliativas, quer dizer, um cuidado ampliado além do tratamento que recebe da doença que possui.
O envolvimento da família
O atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar (médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas) em ambulatórios, no setor de internação dos hospitais e também para pacientes que estão internados em casa.
A conversa entre os membros da equipe médica ajuda a criar um tratamento que é ampliado também para a família.
“A gente entende que toda vez que um paciente recebe um diagnóstico de uma doença grave, quem recebe este diagnóstico é a família como um todo. O cuidador (membro da família) se ele não estiver bem, ele não conseguirá cuidar do doente. Daí a necessidade de tratar paciente e família ” – afirma a médica.
Ver o momento de outra maneira
Madalena também é professora de Cuidados Paliativos da PUC de Londrina e destaca que a universidade é uma das poucas que oferece a disciplina.
“É uma área de atuação, uma sub-especialização feita por pós-graduação. E já existe residência médica em cuidados paliativos.”- afirma.
Sobre a formação dos médicos, ela aponta que os estudantes são treinados para curar e ainda não percebem que a morte é um fim aceitável, falta treinamento.
Contudo, desde 2017, há um esforço de introduzir o assunto nos hospitais de Londrina e também a criação de comissões sobre cuidados paliativos.
A procura por esta especialização tem crescido por razões óbvias: o brasileiro está envelhecendo.
Em comparação aos médicos americanos e europeus, que enfrentam as doenças crônicas há muito mais tempo, nossos profissionais da saúde têm um caminho a percorrer, pois estão começando adquirir mais conhecimento e prática neste assunto.
Um dos aspectos que ela destaca sobre os cuidados paliativos é a ponderação. Segundo Madalena até que ponto o tratamento está trazendo benefícios?
Apesar de ter a morte como sua “colega de trabalho”, Madalena só vê positividade em seu ofício.
“O paciente já está sofrendo com este momento difícil. A nossa entrada na história é para mudar a forma como isso será vivido por ele. Tiramos o sofrimento, trazemos mais paz e tranquilidade e dignidade.”
Fonte: Ver Mais Londrina, Folha de Londrina