Elas já entram de sola dizendo: ” Nem marido, nem família, nem patrão e nem o Estado me dirão como e nem onde eu devo envelhecer.” São mulheres e também homens a partir dos 60 que resolveram experimentar viver de forma coletiva, uma espécie de movimento “neo-hippie”.
Cada um mora no seu apartamento ou casa, mas realizam projetos juntos além de se divertirem nas áreas comuns deste “tipo de condomínio”, que tem estatuto próprio criado por eles mesmos. A auto-gestão da vida, autonomia e independência são primordiais, além de uma postura de cooperação e solidariedade para viver em grupo.
Os exemplos no Brasil e no mundo
Nas cercanias de Paris, no município de Montreuil, a Maison des Babayagas abriga 20 senhoras de baixa renda, que pagam um aluguel bem acessível. Elas são divorciadas, viúvas ou solteiras. A maioria tem filhos, netos, e todas possuem mais de 60 anos. Independentes, politizadas e ativas, essas mulheres decidiram que sua velhice seria exatamente do jeito que elas desejassem.
O nome Babayagas veio da mitologia eslava/russa que significa uma feiticeira solitária de mil disfarces, velha e poderosa e que pode ser “boa e má” ao mesmo tempo. Este projeto foi criado por Thérèse Clerc, militante feminista do icônico maio de 68.
As moradoras nunca estão sozinhas, e possuem uma infraestrutura mínima do Estado, mas a autonomia pessoal é um valor que não se coloca em dúvida neste coletivo criado em 1999, e chamado de “anti-asilo” pelo jornal Le Monde. A Maison foi inaugurada em 2013, após uma longa luta coletiva, capitaneada por Thérèse. Caso uma das moradoras perca a autonomia, não possa viver sozinha, ela vai para um asilo subvencionado pelo Estado.
Não há empregadas, as “Babayagas” têm que cuidar da manutenção de suas casas assim como dos espaços coletivos da Maison. No estatuto consta também cidadania, ecologia, feminismo, laicidade e solidariedade.
Para morar na Maison des Babagayas é necessário ter um perfil compatível com a etiqueta Habitat Social, “porque se trata de um imóvel social”, que são destinados pela administração francesa a pessoas de menor renda comprovada. Estrangeiras residentes no projeto possuem dupla nacionalidade, incluindo a francesa, o que facilita o processo de admissão. A burocracia é importante, uma vez que a Maison é administrada em parceria com a prefeitura de Montreuil, que oferece subvenções financeiras, apoio logístico e propõe candidaturas.
A República de Idosos de Santos no litoral paulista é a pioneira no Brasil. Criada em 1996 conta hoje com três unidades geridas pela prefeitura da cidade. Elas são mistas e têm em média 5 moradores cada –com idades entre 65 e 89 anos.
Aqui também a autonomia do idoso é fator primordial para ser aceito (a) na república e também ter uma renda mensal de até dois salários mínimos, pois o custo da moradia é de R$ 170,00 com água, luz e aluguel inclusos. Em caso de perda da autonomia será encaminhado (a) para uma ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos), conveniadas da Secretaria Municipal de Assistência Social.
Vila ConViver começou a ser planejada em 2013 por um grupo de professores aposentados da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). As diretrizes jurídicas e códigos de ética já foram desenvolvidos e aprovados pelo conjunto, que conta com 54 pessoas. Até 2021, os participantes esperam morar no cohousing.
Conexão Gaia e Aldeia da Sabedoria são dois projetos mineiros em Belo Horizonte e em Ravena, distrito de Sabará, respectivamente, que procuram resgatar os preceitos das antigas comunidades e um contato genuíno com a terra.
Além do cuidado com a arquitetura que deve contemplar a acessibilidade, com portas
Aqui vai uma lista de moradias compartilhadas:
– Saettedammen: 1ª cohousing multigeracional, implantada em 1972, em Ny Hammersholt, na Dinamarca.
– Trabensol Cooperativa: cohousing sênior localizada em Torremocha de Jarama, na Espanha, inaugurada em 2013.
– Pioneer Valley Cohousing: comunidade multigeracional que opera utilizando a sociocracia. Essa cohousing foi implantada em 1994, em Amherst-MA, Estados Unidos
– Oakcreek Community: cohousing sênior, concluída em 2013, implantada em Sillwater-OK, Estados Unidos.
– A arquiteta Lilian Lubochinski é entusiasta da ideia.
– Conexão Gaia.
– O arquiteto Edgar Werblowsky articula o movimento cohousing no Brasil.
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