Como já dizia Lavoisier: “Na natureza nada se cria, tudo se transforma”. Reaproveitar o lixo orgânico e o esgoto será uma realidade no estado do Paraná que terá sua primeira usina de geração de biogás.
O biogás será produzido pelo processo de biodigestão e vai gerar eletricidade para abastecer a região, cerca de 2,8 megawatts de eletricidade, abastecendo duas mil casas na cidade de São José dos Pinhais. A concessão de licença será dada pelo Instituto Ambiental do Paraná à empresa CS Bioenergia, responsável pela usina.
A matéria-prima para geração de energia virá de estações de tratamento de esgoto e da coleta de lixo que produzirá, além do biogás, biofertilizante para a agricultura local. A estimativa é que a iniciativa desvie 1000 m³ de lodo de esgoto e 300 toneladas de lixo orgânico dos aterros.
A planta será construída na própria Estação de Tratamento de Esgoto de Belém, que já atua com processamento do lodo e tratamento de fluentes líquidos.
Exemplo copiado em todo o mundo
Este tipo de usina já é uma realidade nos 5 continentes. Na Europa, a Alemanha, tem 8 mil unidades deste tipo de usina e inspirou o modelo paranaense.
Na América do Sul, em Santiago, capital do Chile, a empresa La Farfana, a maior estação privada de tratamento de efluentes, é responsável por tratar 60% do esgoto gerado em Santiago ou o equivalente a 778 mil m³/dia gera em torno de 60 mil m³ de biogás por dia. E na América Central, a Costa Rica usa um modelo focado em baratear a produção agrícola.
Na cidade de Guapiles, o sistema usa os restos de frutas e água de lavagem da indústria de frutas Chiquita Brands , que são condicionados em biodigestores anaeróbios, onde ocorre a biodigestão. O biogás então é transformado em energia elétrica, que ajuda a reduzir os custos na produção, e o subproduto do processo, um rico fertilizante, é cedido a produtores da região.
O potencial brasileiro para a geração de biogás é enorme. Atualmente, o componente tem uma pequena participação na nossa matriz energética quando comparado às outras fontes de energia.
Os biocombustíveis e biomassa (como o bagaço de cana) são responsáveis por 9% da energia gerada por aqui.
No Rio de Janeiro, redução de 70 mil toneladas de CO²
O município de Nova Iguaçu na baixada fluminense recebe por dia 5 mil toneladas de lixo oriundos não só de Nova Iguaçu como de outros municípios.
O gás produzido pelo lixo orgânico é captado e transportados por dutos até uma usina termoelétrica, a maior do estado, que abastece com energia 64 mil residências.
A empresa Foxx Haztec investiu 100 milhões de reais, e terá seu retorno em 7 anos, graças a venda da energia. O aterro receberá lixo até 2034, logo, o lucro é certo.
De acordo com o responsável pelo aterro, Sérgio Stachini, a vantagem da energia do lixo é que está perto de centros de carga de consumidores, minimiza o custo de trazer energia de centros mais distantes.
Segundo Milton Pilão Júnior, presidente da Foxx Haztec, este tipo de aterro bioenergético reduz em 70 mil toneladas por mês a emissão de CO² . E para 2020 está prevista a inauguração de outra usina no município de São Gonçalo, também no Rio de Janeiro.
Fonte: Casa Cor, Razões para acreditar, Globo Play