Na década de 1970 teve uma campanha de estímulo à leitura com o slogan: “Ler é sonhar, ler é viver”. Folheando as páginas, nós viajamos, fantasiamos, refletimos, enfim, somos conduzidos por nossas emoções, torcemos e “vivemos” a vida dos personagens.
Até nos indignamos com alguns rumos que a história toma e ao final o principal objetivo foi atingido: o livro mexeu com a gente. Segundo o escritor tcheco Kafka, “um livro precisa ser como um pico de gelo que quebra o mar congelado que temos dentro de nós”.
Sem interromper o tratamento prescrito pelo médico e psicólogo, pacientes com ansiedade podem através da leitura rever certas posturas diante da vida, apresentar novas interpretações sobre um fato e encontrar saídas para os problemas que poderiam estar adormecidas dentro de nós. A associação The Reading Agency e a Society of Chief of Librarians resolveram selecionar e compilar os melhores livros e poesias que poderiam ajudar uma pessoa a combater a ansiedade. Confira os títulos e boa leitura!
As aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain
Tom Sawyer é um jovem órfão que vive com seu irmãozinho Sid na casa de sua tia Polly. Preguiça é a sua marca registrada e ele se recusa a fazer qualquer esforço, a não ser quando se trata de seduzir a bela Becky. Com seu companheiro Huck, Tom se entrega a todo tipo de bagunça; os dois vivem pregando peças e pintando o sete, até o dia em que testemunham um assassinato… Segundo, a associação, a curiosidade e a vontade de aventura desta história promovem a exploração e a vontade de alcançar alguma coisa diferente na vida.
Dewey, um gato entre livro, de Vicki Myron
Numa cidade interiorana do estado de Iowa, nos EUA, a bibliotecária Vicki Myron encontra numa noite fria um filhote de gato na caixa de coleta dos livros e passa a cuidar dele. Batizado de Dewey, ele se tornou uma presença constante na biblioteca e começou a transformar a vida não só dos frequentadores da biblioteca, como dos moradores da cidade. Um ser peludo que adorava um colo e esbanjava carinho e ternura com quem chegasse perto dele. Um livro que aborda como o ato de se doar é transformador.
Diário de um corpo, Daniel Pennac
Pennac constrói uma ficção singular que flerta com a autobiografia, ao narrar a vida do protagonista a partir de um diário do seu corpo, dos 12 aos 87 anos. Embora tenha atravessado boa parte do século XX e experimentado as novidades do XXI, os aspectos históricos e os estados de alma do personagem pouco interessam aqui; o motor da história é o corpo, com as descobertas e surpresas que ele nos reserva – do desafio de habitar um corpo e criar uma imagem à primeira polução noturna e às limitações do envelhecimento das quais não podemos escapar. O resultado é um diário comovente, ora engraçado e amoroso, ora sofrido e ressentido, e uma saudação à magnífica engrenagem que é o nosso corpo sobre o qual montamos nossa existência.
Em busca de sentido, de Viktor Frankl
Um clássico que ajuda você a refletir de forma profunda sobre a sua vida e as dificuldades com as quais é preciso lidar. Nos seus momentos de maior sofrimento, no campo de concentração, o jovem psicoterapeuta Viktor E. Frankl entregava-se à memória da sua mulher – que estava grávida e, tal como ele, condenada a Auschwitz.
Conversava com ela, evocava a sua imagem, e assim se mantinha vivo. Quando finalmente foi libertado, no fim da guerra, a mulher estava morta, tal como os pais e o irmão. No entanto, ele alimentara-se de outro sonho enquanto estava preso, e, este sim, viria a realizar-se: projetava-se no futuro, via-se a falar perante um público imaginário, e a explicar o seu método para enfrentar o maior dos horrores. E sobreviver. Viktor E. Frankl sobreviveu. E até morrer, aos 92 anos, divulgou por todo o mundo o método desenvolvido no campo de concentração – a Logoterapia. Um clássico que ajuda você a refletir de forma profunda sobre a sua vida e as dificuldades com as quais é preciso lidar.
Os patinhos feios, de Boris Cyrulnik
Um filhote de cisne é chocado no ninho de uma pata. Por ser diferente dos demais filhotes, o pobre é perseguido, ofendido e maltratado por todos os patos e outras aves. Um dia, cansado de tanta humilhação, foge do ninho. Durante a sua jornada, ele para em vários lugares, mas é mal recebido em todos. Por fim, uma família de camponeses encontra o “patinho” feio e ajuda-o a superar o inverno. Quando finalmente chega a primavera, a família devolve-o para o lago, onde ele abre as suas asas e se une a um majestoso bando de cisnes, sendo então reconhecido como o mais belo de todos. Uma vida complicada não implica se afundar, sempre é possível seguir adiante: este é seu ensinamento e o fiel princípio que permeia a resiliência do ser humano.
Fonte: Notaterapia